Rock da resistência. 08/07 a partir das 18 horas no Centro Cultural Martim Cererê

Para lançar o primeiro álbum completo “Seu Tempo Acabou”, a banda de rock goiana Sheena Ye resolveu não só fazer um show, apenas, mas sim um festival, com outras bandas e no emblemático Centro Cultural Martim Cererê. Logo, hoje, a partir das 18 horas, acontece a primeira edição do Sheena Rock Festival, que tem entrada franca e a participação de mais quatro bandas goianas Chef Wong’s, Lattere, La Mors e, Señores, além da mineira Tempo Plástico.

Embora não compartilhem do mesmo estilo musical, as bandas são parceiras de longa data, nos “rolês”. É o que contou o vocalista e baixista da Sheena Ye, Mário Nacife. “Quando se está no cenário independente, acaba que você toca com várias bandas e com muitas cria-se uma afinidade. Vimos a necessidade de chamar estas banda, que são próximas, mas o som é completamente diferente, tem banda de hardcore, rock psicodélico e stoner”, conta o vocalista da Sheena Ye, que ainda tem como integrantes: Douglas Dieck (guitarra/vocais de apoio) e Vinicius Bernardes (bateria).

Gravado no estúdio Rocklab Produções Fonográficas, em Goiânia, Seu Tempo Acabou foi mixado, masterizado e produzido pelo premiado Gustavo Vazquez e é lançamento da Monstro Discos. Traz 11 faixas autorais, compostas, em grande maioria por Mário Nacife, enquanto tocava sozinho seu violão. No entanto, nos ensaios as músicas foram reformuladas com ajuda de Vinícius e Douglas. “Das 11 músicas, uma divido os créditos com a banda e as outras assino sozinho, mas em todas as músicas a Sheena Ye colaborou intensamente”, explica Mário.

O álbum – que foi lançado no último dia 3 nas plataformas digitais – traz canções que divagam sobre o cotidiano, conflitos internos e da sociedade contemporânea. Uma das canções do álbum é Tudo Volta Pra Você, que já tem um clipe que pode ser assistido no You Tube. “As músicas do novo disco são muito novas, estão frescas, não estão completamente prontas”, conta.

SEM RÓTULOS 

Navegando entre rock n’ roll, blues, com uma pegada do stoner, metal e das bandas de garagens, o vocalista gosta de definir a Sheena Ye apenas como uma banda de rock. As referências também são quase infinitas. “Se for falar, vamos ficar duas horas aqui, mas costumo dizer que o que veio antes e depois do Beatles influencia a gente. É o que a gente brisa na ideia, e pensamos: ah, vamos fazer isso aqui? E a gente faz”, diz Mário.

E ser livre para tocar e cantar o que quiser, sem rótulos, é na verdade o grande motivo da Sheena Ye existir. A banda nasceu após Mário tocar muitos anos em uma banda de hardcore e sentir falta da mistura de gêneros e estilos. Com intuito de misturar geral em 2003 nasceu o grupo. No início, o vocalista tocava ao lado de outros integrantes, mas com o passar do tempo Douglas e Vinícius – que já tocaram com Mário na banda Cabras do Cerrado – ocuparam o espaço, e segundo o vocalista ajudaram a criar a nova sonoridade da banda.

O nome incomum Sheena Ye também traduz bem neste som sem fronteiras. Contudo, sua origem tem nome e endereço. “Estava procurando um nome para banda e escutando Ramones e tocou a música Sheena Is A Punk Rocker, e na hora pensei é isso aí vai ser Sheena Ye, que é bonito, diferente e não tem um significado. No começo muita gente não gostou, mas achamos que as pessoas iam se acostumar”, relembra.

Rock não morreu 

Quando perguntado sobre a saída do rock das rádios brasileiras e do mundo do mainstream, Mário não vê o momento atual do estilo com pessimismo. Muito pelo contrário, ele vê o momento como ideal para o nascimento de bandas autênticas, sem a ditadura das gravadoras.

“Fazer rock sempre foi uma forma de resistência. E hoje o rock voltou a ser independente como nunca. Não estamos mais falando do rock no mainstream. Não temos mais gravadoras que bancam a banda. A banda que tem que correr atrás para gravar seu disco”, argumenta.

Por isso, Mário acredita que estejam surgindo bandas com mais identidade e personalidade. “Hoje não tem mais uma receitinha. Antes, por exemplo, Raimundos fez sucesso e veio um empresário que ficou procurando um novo Raimundos. Mas não tem um novo Raimundo!. Não tem um novo Titãs! O lance não é esse”, ressalta.

De acordo com Mário, o rock também está livre dos jogos comerciais e parcerias oportunistas. “Fazer rock é resistir porque a Anitta está tocando com o Gilberto Gil… E o rock não entra mais nessa. E não ser mais comercial não é uma coisa ruim. É só as pessoas olharem para o lado e ver que tá acontecendo ainda”, aconselha o artista, que acredita que a internet também mudou para melhor a forma de consumir música.

“Ninguém vende música mais. O lance é fazer o som que te agrada e buscar realmente a sua personalidade naquilo. Não é pensar: ah…, a gente tem que falar desse jeitinho aqui, tem que vestir isso aqui. O que vale hoje no rock é ser autêntico”, afirma o vocalista, que com o novo disco iniciou a Sheenatour, que vai passar por 12 cidades de Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Tocantins. Ou seja: resistir sempre vale a pena.

 

Capa do primeiro álbum da Sheena Ye "Seu Tempo Acabou", que traz 11 faixas autorais

Capa do primeiro álbum da Sheena Ye “Seu Tempo Acabou”, que traz 11 faixas autorais

Sheena ROCK Festival – lançamento do disco Seu Tempo Acabou, de Sheena Ye

Quando:Hoje, às 18h

Onde: Centro Cultural Martim Cererê

Entrada Franca

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