Advogado é suspeito de fazer dívida de R$ 7 milhões no nome de lenhador e matá-lo

Investigado é cunhado da vítima e tem mandado de prisão em aberto. Defesa afirma que ele agiu em legítima defesa e que pediu habeas corpus para evitar prisão.

O lenhador Hélio Alves Borges, de 66 anos, foi morto a tiros em Guapó, na Região Metropolitana da capital, em maio deste ano. Segundo o delegado responsável pelo caso, Arthur Fleury, o principal suspeito é o cunhado dele, o advogado Sebastião Carlos de Oliveira, que está foragido há duas semanas. Conforme as apurações da Polícia Civil, o investigado também pode ter criado empresas no nome do parente, que têm dívidas de R$ 7 milhões.

A defesa do advogado informou à TV Anhanguera que o suspeito agiu em legítima defesa e que já pediu o habeas corpus dele para evitar a prisão.

Conforme o delegado, as dívidas começaram há mais de sete anos, quando a vítima e o suspeito ainda moravam na fazenda do advogado, em Guapó. “Sebastião teve algumas empresas e colocou no nome do Hélio gerando dívidas milionárias. O Hélio era laranja dele. O autor criava as empresas e fazia empréstimos. Ainda é obscuro, mas há informações de que o lenhador recebia uma quantia em dinheiro do cunhado e que isso teria gerado algumas discussões”, explicou ao G1.

Na época, enquanto Hélio trabalhava às margens de uma rodovia, o policial rodoviário federal Huge Schaiblich, fez um levantamento sobre a vítima para confirmar se o homem tinha licença para cortar árvores no local. No entanto, a pesquisa revelou as dívidas milionárias.

“Chamou atenção um simples lenhador, uma pessoa bastante simplória, que não tinha nenhum veículo, nem uma motocicleta para andar, ser o proprietário de uma empresa milionária”, afirmou em entrevista à TV Anhanguera.

Após a descoberta foi feita uma denúncia contra Sebastião e Hélio pediu proteção por meio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Conforme um documento da corporação, emitido em novembro 2010, “o mesmo teme atentados contra sua vida pessoal e solicita a possibilidade de um apoio do Estado no sentido de inclusão de seu nome no rol de proteção à sua vida pessoal”.

Ainda segundo Fleury, a vítima se mudou e conseguiu ficar longe do local por cerca de sete anos, já que recebia ameaças do cunhado. No entanto, com a morte do irmão de Hélio este ano, ele retornou à fazenda em maio para reclamar uma herança.

“Ele foi até o Sebastião para negociar um pedaço de terra que esse irmão havia deixado. Eles não conseguiram chegar a um acordo e Hélio saiu falando que iria tomar posse da terra. Nisso, o Sebastião atirou nele”, contou o delegado Fleury.

Fleury relata que o suspeito se apresentou a um promotor na época do crime alegando legítima defesa. No entanto, o próprio delegado não considera que a versão dele seja possível.

“Não foi legitima defesa porque o tiro foi pelas costas. Hélio não tinha nenhuma arma, vinha sendo ameaçado há anos pelo Sebastião. Após o fato o Sebastião começou a captar testemunhas, não deixava ir na delegacia. Pedi a prisão temporária dele que foi deferida pelo judiciário há duas semanas. Já cumprimos mandados na casa, no escritório, na fazenda e ele não foi encontrado”, disse.

O delegado afirmou que o suspeito deve ser indiciado pelo crime de homicídio qualificado por impossibilitar a defesa da vítima.

Pedido por justiça

A filha da vítima, que preferiu não ter a identidade divulgada, conta que lembra da época que o pai era ameaçado e cobra providências para que o autor do homicídio dele seja punido. Ela também condena a atitude do culpado.

“Usar a inocência das pessoas para acabar com a vida delas. Saber que ele [Hélio] só queria que o nome dele limpasse é o mais doído”, afirmou em entrevista à TV Anhanguera.

 

Por Vanessa Martins, G1 GO   

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