17ª Goiânia Mostra Curtas. De 3 a 8/10

Evento já tradicional no calendário goiano, a 17ª edição da Goiânia Mostra Curtas começa no próximo dia 3, terça-feira. A cerimônia de abertura será às 20 horas, no Teatro Goiânia, com pocket show da cantora Ava Rocha. Na ocasião, será homenageada a atriz paraense Dira Paes, por sua contribuição ao cinema brasileiro, em 32 anos de carreira.  O encerramento da programação será no dia 8, com celebração ao conjunto da obra do cineasta indigenista Vincent Carelli.

Neste ano, a Curta Mostra Especial tem como eixo temático Os Índios e o Cinema. Um panorama da mais recente produção audiovisual indígena será exibido, com doze filmes de sete Estados brasileiros. A programação é completada com as mostras Brasil, Goiás e Animação, sessões exclusivas para crianças, workshops, palestras e lançamentos literários. Todas as atividades são gratuitas. A Goiânia Mostra Curtas conta com o patrocínio da Rodonaves Transportes através da Lei Goyazes, Seduce Goiás e do SESI – Conselho Nacional, apoio institucional da Universidade Federal de Goiás, do Ministério da Cultura por meio da Secretaria do Audiovisual, apoio da Saneago e da Unimed Goiânia e é realizada pelo Icumam.

Em seis dias de evento, serão exibidos 94 curtas-metragens – entre documentários, animações, ficções – em cinco mostras competitivas e uma especial. Além da exibição cinematográfica, o festival oferece atividades de formação gratuitas para profissionais e interessados em atuar na área audiovisual. Na programação, há, também, o Icumam Lab, iniciado em março e finalizado durante o festival, com assessoria e consultoria para desenvolvimento de projetos originados na Região Centro-Oeste. A intenção é fomentar a atividade audiovisual brasileira, por meio da capacitação e da exibição de um panorama atual da produção nacional em curta-metragem.

Homenagens

A ampla programação da Goiânia Mostra Curtas inclui tradicionalmente homenagens que buscam reverenciar a trajetória de importantes personalidades do cenário audiovisual brasileiro. Com mais de 40 filmes na bagagem, Dira Paes é uma das atrizes mais premiadas e respeitadas de sua geração e vem a Goiânia, especialmente, para receber a homenagem, que destaca seu vasto legado no audiovisual brasileiro à militância social, política e cultural.

No cinema, Dira Paes esteve em trabalhos de destaque como o longa 2 Filhos de Francisco (Breno Silveira),  no recente Redemoinho (José Villamarim) e na animação brasileira Lino (Rafael Ribas), em cartaz em 2017. No teatro, foram oito espetáculos dirigidos por nomes consagrados como Amir Haddad. Na televisão, somam-se 17 trabalhos, entre eles a aclamada novela Velho Chico (Luiz Fernando Carvalho) e a série Amores Roubados (José Villamarim).

Para além dos palcos e telas, Dira Paes merece admiração ainda por sua atuação social. Dentre os projetos nos quais está envolvida diretamente, a atriz dirige a ONG Movimento Humanos Direitos, que defende questões como a demarcação de terras indígenas e atua no combate ao trabalho escravo e à exploração sexual infantil. Na noite de encerramento, o festival reverencia a trajetória do cineasta e indigenista Vincent Carelli. Filho de pai brasileiro e mãe francesa, Carelli nasceu em Paris, em 1953, e mudou-se para São Paulo aos cinco anos. Graduou-se em Ciências Sociais na Universidade de São Paulo e desde 1973 está envolvido com projetos de apoio a grupos indígenas no Brasil.

Em 1986, Vincent Carelli fundou o Vídeo nas Aldeias, projeto que acompanha e estimula por meio do audiovisual as lutas dos povos indígenas por fortalecimento e valorização de suas identidades e territórios. Desta experiência, produziu uma série de 16 documentários que têm sido exibidos por TVs públicas ao redor de todo o mundo.

Em sua premiada filmografia, destacam-se obras como “Corumbiara”, grande vencedor no festival de Gramado de 2009, o recente “Martírio”, filme consagrado, que destrincha a luta pela demarcação das terras habitadas pelos Guarani-Kaiowá, e o longa-metragem ainda em fase de desenvolvimento “Adeus, Capitão”. Juntos, os três filmes compõem uma trilogia que transpõe para as telas seu testemunho das marcas de 40 anos de indigenismo no Brasil.

Pocket Show

A 17ª Goiânia Mostra Curtas traz, em sua abertura, um pocket show especial da cantora Ava Rocha, gerando um rico encontro entre a música e o cinema nacional. Acompanhada do músico carioca Marcos Campello, Ava vai apresentar um repertório fundamentado no seu primeiro álbum solo, Ava Patrya Yndia Yracema, que mistura MPB com grooves afros, amazônicos, poesia, distorções, suavidade e improvisos.

Também compositora e cineasta, Ava Rocha lançou dois discos: Diurno (Warner, 2011) e Ava Patrya Yndia Yracema (Maravilha8/ Circus 2015). Este último, citado entre os melhores do ano por inúmeras publicações nacionais e estrangeiras, rendeu a Ava o Prêmio APCA 2015 de “Artista Revelação” e os Prêmios Multishow 2015 de “Melhor Hit” e “Artista Revelação”. Dentre os grandes artistas com quem já gravou e se apresentou estão Jards Macalé e Gilberto Gil.

SERVIÇO

17ª Goiânia Mostra Curtas

Quando: de 3 a 8 de outubro

Onde: Teatro Goiânia (Avenida Anhanguera com Avenida Tocantins, Setor Central)

Entrada: gratuita

Cerimônia de Abertura

Quando: 3 out (ter), às 20h

Homenagem: Dira Paes

Pocket Show: Ava Rocha

Cerimônia de Encerramento

Quando: 8 out (dom), às 20h

Homenagem: Vincent Carelli

ENTREVISTA COM ABDALLA – DIRETORA GERAL DO GOIÂNIA MOSTRA CURTAS

Em 17 edições, muitos já foram homenageados. Qual a importância destas visitas de grandes nomes da arte audiovisual para o festival e para a cidade?

A Goiânia Mostra Curtas é um momento marcado na agenda cultural da cidade e do país. Aproveitar este momento para reconhecer a contribuição de importantes nomes do nosso audiovisual é essencial porque cria uma valorização daquilo que já foi feito e é extremamente enriquecedor para o festival. Poder contar com presenças tão célebres que merecem ser reverenciadas é um privilégio e uma honra e se torna com certeza um ingrediente a mais na potência do festival. Nesse ano, teremos a alegria de ter como homenageados do festival a atriz Dira Paes e o cineasta Vincent Carelli.

Como são escolhidas as temáticas? Qual a importância e necessidade de trabalhar a temática indígena dentro do cinema?

Sempre buscamos construir um panorama amplo e atual do cinema de curta-metragem. Por isso, o festival tem diversas mostras, que vão de um panorama nacional a uma mostra infantil. Embora o festival não seja temático, dentre estas mostras existe a Curta Mostra Especial, que funciona como um convite a olhar com atenção para um tema dentro do audiovisual. O eixo temático costuma ser definido a partir de questões ou assuntos que nos rodeiam e são urgentes. Neste ano, esta Mostra se volta ao tema “Os índios e o cinema”. Trazer o índio, a produção audiovisual e as lutas indígenas para o foco desta mostra é quase um grito, um pedido de atenção ao tema.

Após tantos anos, quais conquistas e incentivos à produção audiovisual local já foram alcançadas? Ainda há barreiras?

A Goiânia Mostra Curtas ajudou a construir em Goiás alicerces fundamentais sobre os quais o audiovisual se sustenta. Focado na difusão, produção, circulação e formação audiovisual, este festival se dedicou a sedimentar todas estas frentes. São 16 anos de uma história que conseguiu atrair mais de 250 mil espectadores, além de movimentar a cena audiovisual com debates, palestras, lançamentos literários, oficinas e cursos. A partir desse espaço, vemos claros efeitos na formação de plateia para o cinema, além do estímulo à produção audiovisual e à formação de profissionais. Mesmo após tantos anos, ainda é um grande desafio e uma missão árdua levantar este festival. Embora seja essencial na agenda cultural, ainda demanda

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