Crise obriga homem a ajudar mais em casa, aponta IBGE

De acordo com o instituto, o percentual de brasileiros com mais de 14 anos que informou ter feito tarefas domésticas ou cuidado de outros moradores ou parentes subiu 4%.

A crise obrigou os homens a ajudarem mais nas tarefas domésticas para cortar custos dentro de casa. O tempo dispensado nessas funções, porém, ainda é metade do que gastam as mulheres.

A constatação é de pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta quarta (18).
De acordo com o instituto, o percentual de brasileiros com mais de 14 anos que informou ter feito tarefas domésticas ou cuidado de outros moradores ou parentes subiu 4%, de 82,7% para 86%.

“Pode ser um movimento conjuntural: as famílias estão com renda menor e não dá para pagar diarista, não dá para pagar babá, então estão fazendo mais tarefas domésticas”, disse a pesquisadora do IBGE Alessandra Brito.

É o caso de Caio Cesar de Oliveira, que trabalha com vendas de tecnologia para telecomunicações. Desde o ano passado, ele trocou os restaurantes que frequentava com a mulher nos finais de semana por jantares que ele mesmo prepara em casa. Passou também a lavar o carro na casa do sogro em vez de levar ao lava-rápido.

“Eu acho que a melhora da economia que a gente tanto ouve falar ainda não está visível. Fazendo mais coisas em casa, já dá para economizar”, afirma Oliveira. Ele ressalva que há também um componente cultural no aumento de sua participação nas tarefas domésticas.

“A gente passou a alternar: eu também limpo a cozinha, o banheiro. Não é só ela que mora em casa. Eu também preciso ajudar”, diz.

Em 2017, a renda do trabalhador brasileiro caiu, em média 2%, para R$ 2.178. A crise afetou particularmente o trabalhador com carteira assinada, que vem buscando o sustento por conta própria.

“Apesar de a ocupação não ter caído, essa população se inseriu em vínculos de menor rendimento”, comentou a pesquisadora do IBGE. O fechamento de vagas foi mais intenso em setores de predominância masculina, como indústria e construção civil.

Os dados mostram que a taxa de realização de afazeres domésticos ou de cuidados com moradores cresceu mais entre os homens (de 74,1% para 78,7%) do que entre as mulheres (90,6% para 92,6%).

Menos tempo

A diferença, porém, segue grande, principalmente se considerado o número de horas dedicadas às tarefas do lar: as mulheres disseram ter dedicado 20,9 horas em afazeres domésticos ou cuidados com pessoas, contra 10,8 horas gastas por homens.

Mesmo as que trabalham gastaram muito mais tempo: 18,1 horas contra 12 horas dos homens não ocupados. Somando a média de horas trabalhadas fora de casa e em tarefas do lar, as mulheres trabalharam três horas a mais do que os homens na semana da pesquisa (53,2 contra 50,2).

O crescimento da participação masculina em atividades do lar se deu principalmente na realização de afazeres domésticos, já que no indicador de cuidados com outros moradores a participação masculina ficou estável.

De acordo com o IBGE, os homens tem participação mais efetiva em tarefas como pequenos reparos e manutenção, organização do domicílio e cuidado com animais.

A preparação de alimentos e as atividades de limpeza continuam sendo atividades majoritariamente femininas.
Na hora de cuidar de filhos ou parentes, eles participam mais de atividades ligadas ao lazer ou em fazer companhia.
As mulheres ainda são majoritárias no auxílio aos cuidados pessoais e às tarefas escolares.

Fonte: Emaisgoias

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