Goiana é a primeira mulher trans a ocupar cargo em Comissão do Conselho Federal da OAB

Amanda Souto Baliza também foi a primeira mulher trans a presidir uma comissão em uma seccional da OAB no Brasil

A Ordem dos Advogados do Brasil designou uma mulher trans para ocupar a diretoria de uma comissão pela primeira vez na história. Amanda Souto Baliza, que é de Goiás e também foi a primeira advogada trans a retificar o seu registro na ordem, em 2020, irá ocupar vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero do Conselho Federal da OAB (CFOAB).

Essa não é a primeira conquista de Amanda na OAB. Ela, que é advogada especialista na defesa dos Direitos Humanos das pessoas LGBTQIA+, também foi a primeira mulher trans a presidir uma comissão em uma seccional da OAB no Brasil (Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-GO, entre 2019 e 2021). Além disso, ela também foi a primeira a ser eleita para o Conselho Seccional da OAB, feito conquistado nas últimas eleições.

Representatividade trans na OAB

Ao Mais Goiás, Amanda ressaltou que assumir esse espaço é importante porque leva as dificuldades que a população trans enfrenta dentro da Ordem. “Muitas das questões que são criadas dentro da OAB não são pensadas para o recorte da população trans. Essa representatividade faz com que a gente consiga mudar algumas coisas que geram certos constrangimentos”, disse a advogada.

“Há uns três meses atrás um colega de outro estado falou que quando foi alterar os documentos ele teve que submeter ao Conselho. Ele teve que passar pela aprovação de cerca de 60 pessoas. Imagina o constrangimento que essa pessoa passou. São coisas pontuais que a gente vai levantando. Nós estamos apresentando alguns projetos para que essas questões sejam resolvidas”, completou.

Amanda também ressaltou que a ocupação de uma função como essa pode ajudar outras pessoas trans a conquistarem outros espaços e a atingirem seus objetivos.

“Essa nomeação também tem um papel importante de incentivar as pessoas a buscarem seus sonhos e às vezes até de ter sonhos. Muitas vezes a pessoa está em uma situação tão difícil que ela não consegue nem sonhar. Quando a pessoa percebe que outra como ela conseguiu, que não é impossível, isso dá um gatilho para que ela possa lutar também”, concluiu.