Homem preso injustamente no lugar do irmão é solto em Goiás

O homem ficou detido por quase 7 meses, por conta de um mandado de prisão em nome do irmão, que está desaparecido desde 2014

Jucinaldo Freire, de 39 anos, preso injustamente no lugar do irmão, foi solto na tarde de sábado (11), na cidade de Jataí, na região Sudoeste de Goiás. (Foto: arquivo pessoal)

 

Jucinaldo Freire, de 39 anos, preso injustamente no lugar do irmão, foi solto na tarde de sábado (11), na cidade de Jataí, na região Sudoeste de Goiás. O homem ficou detido por quase 7 meses, por conta de um mandado de prisão em nome do irmão, Josinaldo Freire, que está desaparecido desde 2014.

De acordo com o advogado Gilson Lima, o alvará de soltura foi expedido e enviado na sexta-feira (10) após às 18h. Apesar disso, Jucinaldo só foi liberado na tarde de sábado (11).

Ao Mais Goiás, o defensor diz que a soltura do cliente dá um sentimento de alívio, mas ressalta que ainda não compreende o erro. “Como podem ter cometido um erro tão grosseiro e acabar com o ser humano em sete meses? Se o delegado tivesse feito uma ligação para o papiloscopista, que atua 24h, o problema teria sido resolvido em meia hora. É um erro grotesco”, pontuou.

Segundo o advogado, Jucinaldo foi preso em novembro de 2021, na cidade de Rio Verde, e transferido para Jataí sem ordem judicial. “Ele foi solto sem qualquer tipo de assistência do Estado. Tive que ajudar no dinheiro para comprar a passagem de volta para Rio Verde. Absurdo atrás do outro que cometeram com esse cidadão”, criticou.

Relembre o caso do homem preso injustamente no lugar do irmão

Segundo o advogado Gilson Lima Costa, Jucinaldo foi preso em novembro de 2021 por conta de racismo. De acordo com o defensor, no mandado de prisão havia a identificação com o nome, RG, mas não tinha foto nem impressão digital.

“Ele e o irmão são completamente diferentes, com nomes diferentes. No momento da prisão, chegou a falar aos policiais que eles estavam cometendo um erro. Mandaram ele calar a boca e o levaram para a delegacia”, relata.

O advogado sustenta que o delegado que lavrou a prisão não quis ouvir Jucinaldo. Nem mesmo acionou o papiloscopista para sanar o erro e resolver a situação. O juiz e o promotor mantiveram a prisão e oficiaram o instituto de identificação da Bahia, já que o crime teria ocorrido naquele Estado. Mas não houve resposta. “Oficiaram o instituto de identificação de Goiás, que prontamente fez a identificação, eu manifestei várias vezes no processo, mas sem sucesso”, diz.

“É uma situação absurda. Prenderam a pessoa baseado nas características dela. ‘Você se parece com fulano, então você está preso’. Simples assim. Sem foto, sem identificação digital. Sou contra mimimi de racismo, mas será que se fosse um branco de classe média, isso estaria acontecendo?”, indaga.