Médicos de Goiás suspeitos de reaproveitar material cirúrgico descartável são soltos
Profissionais devem responder em liberdade até o julgamento

Ação é um desdobramento da operação Autoclave que foi realizada em setembro desse ano no Paraná (Foto: Divulgação/PC)
Os médicos de Goiás presos na operação Autoclave foram soltos na noite desta quarta-feira (18). Dois dos investigados estavam detidos na Casa de Prisão Provisória (CPP) de Rio Verde, na região Sudoeste do Estado. Os profissionais são suspeitos de reaproveitar cateteres e diversos equipamentos que deveriam ser descartados depois de usados uma única vez e eram reutilizados em até 15 cirurgias. Os materiais custam em torno de R$1,2 mil, mas os suspeitos compravam por 250 ou 300 reais, segundo a investigação.
Além dos médicos, outros cinco investigados foram beneficiados com a decisão. Na sentença, o juiz Givanildo Nogueira Constantinov de Maringá (PA) alega que as diligências e as oitivas foram finalizadas e isso não justificava manter as prisões temporárias e nem converter em preventivas.
A Operação Autoclave foi realizada no último dia 11 deste mês pela Polícia Civil do Paraná e também cumpriu mandados de busca e apreensão em Goiás. No dia da ação, a Polícia Civil (PC) goiana, informou que no Estado foram cumpridos 3 mandados de prisão e 3 de busca e apreensão. As diligências foram realizadas com o apoio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) e da 8ª Delegacia Regional de Polícia (DRP).
A ação é um desdobramento da Operação Autoclave, que foi realizada em setembro desse ano no Paraná. Um grupo criminoso envolvido com adulteração por meio de esterilização ilícita de materiais descartáveis foi preso na época.
Defesa
O advogado Edson Reis Pereira, que representa Camilo de Viterbo Idalino, médico urologista de Rio Verde, relata que aguardarão agora a conclusão do inquérito e encaminhamento ao Ministério Público.
“A prisão que foi decretada era provisória por 30 dias e tem objetivo permitir que o delegado a frente da investigação fizesse colhimento de provas, e terminando esta fase dos depoimentos e provas que julga necessário ter, ele se convence da manutenção ou de relaxar”, explica. “Ele concluiu o trabalho e não havia mais razão de continuarem presos, fez relatório ao juiz e não viu razão da manutenção pelo prazo de 30 dias e o juiz reconsiderou”, acrescenta. Segundo Pereira, a defesa não precisou entrar com Habeas Corpus.
Ele garante ainda que Idalino não tinha conhecimento sobre os materiais descartáveis serem reutilizados. “O áudio que vazou dele estava fora do contexto. O Camilo nunca teve conhecimento que o outro médico fazia esse trabalho, inclusive o material chegava pra ele lacrado e com selo”, destaca. “Ele nem tinha contato, porque vai para as mãos da instrumentador e esta por sua vez que fica responsável por seguir um padrão e fazer relatório”, conclui.
A advogada Julyanna Leão Cabral, que defende Ronaldo Sesconeto, também médico urologista de Rio Verde, informou por nota que não há nenhuma acusação formalizada em desfavor do seu cliente. Ela ressalta que o inquérito segue em segredo de Justiça. Se caso for proposta uma futura ação penal diz que está convicta que provará a inocência do médico.
O POPULAR não conseguiu contato com a defesa do médico urologista Daniel Rodrigues Magalhães que foi preso em Goiânia e fica a disposição.
Acusação
Uma mulher, que preferiu não se identificar, relatou em entrevista à TV Anhanguera no último dia 11, que foi operada por um dos seis suspeitos, o médico Ronaldo de Almeida Sesconetto. A paciente, que fez cirurgia em fevereiro deste ano, em Rio Verde, relatou que teve uma “infecção fortíssima” e demorou um tempo três vezes maior que o previsto para se recuperar. “Eu posso ter sido uma das vítimas de ter utilizado um cateter que era descartável e foi utilizado mais de uma vez”, desabafa na entrevista para a TV.
Fonte: Jornal O Popular.