Delegado diz que suspeita é de participação do motorista em quadrilha de roubo de gado
Familiares afirmaram no velório que Fábio Júnior Oliveira Santos não possui envolvimento com criminoso e que ele havia saído de casa pra trabalhar. “Meu marido não é bandido”, diz mulher de motorista
O delegado regional de Trindade, André Fernandes, afirma que a Polícia Civil suspeita que o motorista de aplicativo, Fábio Júnior Oliveira Santos, de 38 anos, pode ter envolvimento com o grupo que teria a intenção de roubar gados em zona rural de Varjão, cidade da região metropolitana de Goiânia. Fábio foi morto com a tiros com outros três homens em uma ação registrada como confronto contra o Choque, batalhão especializado da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO). Familiares afirmaram no velório que Fábio não possui envolvimento com criminosos e que ele havia saído de casa pra trabalhar. “Meu marido não é bandido”, diz mulher de motorista.
De acordo com o delegado, uma testemunha diz ter conversado com Fábio minutos antes de ele ser morto. Segundo esta testemunha, o motorista passou por ela e perguntou sobre o proprietário de uma fazenda e sobre venda de cavalo. A testemunha, então, disse não conhecer a pessoa que ele procurava e que na região não há venda de cavalo. Conforme relatos, o motorista estaria calmo. O suposto confronto teria acontecido cerca de 20 minutos depois, próximo ao meio-dia.
“Estamos suspeitando pela prova testemunhal que pode ter um envolvimento com a quadrilha (de roubo de gado). Queremos entender o motivo que ele estava ali. E até o momento as provas testemunhais demonstram que ele tinha consciência do motivo que estava ali. A testemunha relata que ele estava tranquilo, não apresentava nervosismo”, disse André Fernandes, explicando que o possível envolvimento de Fábio ainda está sendo apurado.
Questionado sobre como o grupo roubaria gado se estavam em um veículo classic, o delegado afirmou que a polícia abordou dois caminhoneiros no trevo de Varjão que disseram que haviam sido chamados por homens em um HB20 claro para fazer o transporte de gados. Eles iriam receber R$2,50 por quilômetro rodado. O que havia sido combinado era que esperassem por uma ligação no trevo.
Os caminhoneiros foram ouvidos, um deles duas vezes, e ao verem as imagens dos quatro homens negam que sejam eles. A polícia investiga os dois para ver se existe conexão entre eles e as vítimas do confronto, suspeitas de estarem ali para roubar gado. “Cabe à Polícia Civil provar se eles (os caminhoneiros) têm envolvimento ou não”, disse André Fernandes. Questionado se os caminhoneiros não tinham os números de os celulares dos homens que os contrataram, Fernandes disse que os aparelhos dos dois foram recolhidos para serem investigados.
De acordo com o delegado, ainda no dia do fato o carro entrou na sede de uma fazenda e dois dos ocupantes desceram e conversaram com um caseiro. Eles perguntaram sobre venda de cavalo e questionaram sobre onde estava o dono da propriedade. Fábio e outro homem permaneceram dentro do carro.
Além disso, uma testemunha diz ter visto o carro rondando na região três dias antes do fato. “Testemunha apresenta nenhuma dúvida de ter visto o carro aqui, em uma região que não circula muitos carros e os carros que circulam são de pessoas que ali moram e trabalham”, disse. A testemunha não soube dizer quem eram os ocupantes do veículo.
CONFRONTO
A força-tarefa da Polícia Civil ainda apura o suposto confronto e a sua dinâmica. Houve nova perícia no local, e segundo André Fernandes novos vestígios foram encontrados. Já foi requisitado ainda perícia no carro e nas armas que teriam sido usadas pelos suspeitos.
A investigação ocorre em duas etapas distintas e simultâneas. A primeira consiste em ir ao lugar dos fatos com o intuito de entender a dinâmica e verificar a existência de testemunhas. A segunda se concentra no carro. O delegado explicou que já solicitou uma perícia no carro e o intuito é ver o ângulo dos tiros. André relatou ainda que não vai pedir prova residual das mãos dos mortos e, provavelmente, irá fazer uma reconstituição.
De acordo com o delegado, as armas foram recolhidas pela perícia ainda no local do crime. As armas dos policiais, entretanto, assim como o celular de Fabio Júnior, ainda não foram entregues pela PM para que sejam periciadas. Os policiais devem ser ouvidos hoje na delegacia, segundo André Fernandes.
Fonte: Jornal O Popular.