Famílias esperam respostas sobre jovens desaparecidos em Aparecida de Goiânia
Dois adolescentes, do cenário do rap goiano, estão desaparecidos. Pais e amigos vivem dias de angústia sem posicionamento sobre onde estão

O desaparecimento do estudante Alexandre Carvalho de Conceição, de 17 anos, já completou quase 70 dias sem respostas ou pistas. Ele foi visto pela última vez em um evento cultural de rap na praça Israel, no Parque Trindade, em Aparecida de Goiânia, na noite de 1º de fevereiro, uma quinta-feira. O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Outro caso, ainda sem conclusão, é de Kaíque Liberato de Melo, o MC Sabotinha, da mesma idade, sequestrado de dentro da própria casa em Aparecida de Goiânia por supostos policiais a paisana, na noite de 22 de novembro do ano passado.
Moradores das redondezas do Parque Trindade conhecem bem a angústia da mãe de Alexandre, a diarista Rosa Maria Carvalho de Farias, de 42 anos. Ela procurou a polícia, chegou a dar entrevistas para veículos de comunicação, mas até agora, pouco foi caminhado no sentido de descobrir o paradeiro do filho.
“Parece que a terra abriu e engoliu ele, ninguém fala nada. Alguém deve ter visto algo, não é possível”, diz. Alexandre foi visto pela última vez acompanhado de alguns jovens em uma roda cultural de batalha de MCs, a poucos quarteirões de sua casa. Depois disso, a família recebeu ligações de pessoas que disseram ter visto o adolescente em outros lugares, mas as pistas não se confirmaram.
A delegada responsável pelo caso, Caroline Braga, da DPCA, conta que faltam informações para identificar o paradeiro do adolescente. Ela afirma ter entrado em contato com policiais que passaram pela região no dia e ouviu o depoimento de parentes da vítima. Até o momento não foram identificadas as pessoas que estavam na companhia de Alexandre no evento de rap. Um dos organizadores informou à reportagem que chegou a checar filmagens da noite da batalha de MCs em arquivos pessoais, mas não identificou o estudante.
Uma dificuldade nas investigações, segundo a delegada, é a falta de amigos que pudessem testemunhar sobre o caso. A família não soube informar o nome de alguém, já que o garoto saía pouco de casa. “Ele praticamente era um móvel da casa”, disse uma parente de Alexandre em entrevista à TV Anhanguera na época do desaparecimento. O adolescente não tem histórico de inimizades, nem antecedentes criminais.
Estudo
Na noite do desaparecimento, Rosa Maria conta que chegou em casa depois de passar o dia com um parente no hospital e foi dormir despreocupada, achando que o filho estava estudando no colégio. De madrugada, foi acordada pelo marido que havia notado o desaparecimento. O adolescente não tinha o costume de dormir fora de casa.
Alexandre estava há um ano sem estudar, depois de ter reprovado no ensino médio. A mãe conta que ele dizia ficar envergonhado da família ter que pagar mensalidades pela segunda vez, já que o colégio era militarizado. A semana do desaparecimento era a segunda de sua retomada aos estudos em um colégio sem mensalidade.
Rosa Maria conta que sofreu preconceito por causa disso. “Ficam insinuando que por meu filho ter ficado sem estudar ele era vagabundo e mexia com coisa errada”, lamenta. Nas primeiras semanas após o desaparecimento, a diarista teve que conviver com imagens de corpos de jovens mortos que recebia pelo celular. “Eu mandei parar com isso. Se for ele, um dia Deus vai me mostra.”
Das poucas vezes que saía de casa, segundo a família, Alexandre ia jogar futebol com os vizinhos. Corintiano fanático, não perde um jogo do time. O pai era o principal companheiro nesses momentos. “Eram unha e carne”, recorda a mãe. Essas lembranças cotidianas criam ainda mais ansiedade em Rosa Maria e de sua família, formada por outras duas filhas e o marido.
A delegada Caroline Braga disse que qualquer denúncia ou informação sobre o caso pode ser repassada para a Delegacia e Proteção à Criança e ao Adolescente de Aparecida de Goiânia, que fica no Residencial Maria Luiza, Avenida Furnas, quadra 3, lote 8/9. O número de contato é o 3201-2297.

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