Irmã de menino desaparecido em Cachoeiro retoma buscas 44 anos depois
Projeção de envelhecimento, trabalho dos peritos papiloscopistas do Espírito Santo, auxiliando famílias de desaparecidos.
Soraya Paiva tem bem vivos na memória os acontecimentos do dia 10 de outubro de 1972. Nesse dia, ela e os irmãos Ricardo, Fabíola e Robert brincavam com outras crianças na rua em que ficava a casa da família, no bairro Aquidaban, em Cachoeiro de Itapemirim. Muita gente circulava pelo local. A certa hora do dia, os pais da vizinhança começaram a pedir que os seus filhos voltassem para casa. Mas Robert, o caçula da família Paiva, fez pirraça e não obedeceu à ordem.
Os irmãos, então, seguiram para dentro sem ele e chamaram pela mãe, Maria Dulce Cabelino Paiva. Ao sair para a rua atrás do caçula, Maria Dulce não o encontrou em parte alguma. Ele havia desaparecido. As buscasse seguiram por pelo menos um ano, sem pistas – nenhum grito, choro ou pedido de socorro. A suspeita mais consistente era de que Robert, então com 2 anos e 9 meses, tivesse se afogado, pois existia um córrego artificial que movia um moinho de milho próximo à casa deles.
O canal chegou a ser esvaziado, mas o corpo do menino não foi encontrado. O pai, Devanir do Nascimento Paiva, chegou a contratar um pescador para fazer buscas em regiões próximas, sem sucesso. A polícia tampouco chegou a um resultado conclusivo. Com o passar do tempo, os pais de Robert se conformaram com o fato de que tinham feito todo o possível para reencontrar o menino, e o assunto foi sepultado.
Quando a família se mudou para Vitória, em 1983, para que os filhos pudessem fazer curso superior, a história já tinha ficado para trás. Agora, 44 anos após o desaparecimento, Soraya reavivou a possibilidade de achar o irmão perdido. “Eu acredito que ele ainda esteja vivo, parte da família também. O meu irmão (Ricardo) acha que, se ele está morto, não morreu naquele momento. De qualquer forma, o meu objetivo é pelo menos por um ponto final nesse assunto”, afirma Soraya, destacando que a mãe faleceu em 2014 crendo que o filho tinha de fato morrido afogado.
Sequestro?
Para isso, Soraya se ancora nas novas possibilidades tecnológicas e em duas pistas que vieram à tona recentemente. Ela ficou sabendo que, cinco anos atrás, uma pessoa ligou para um membro de sua família querendo falar sobre o desaparecimento de Robert. Na época, porém, o familiar, já falecido, não confiou na veracidade da conversa.
Também chegou ao conhecimento dela que um rapaz, não identificado, procurou a família Paiva em sua antiga residência há cerca de sete anos. No final do ano passado, Soraya procurou a Delegacia de Pessoas Desaparecidas(DPP) do Espírito Santo, em Vitória. Em novembro, a Polícia Técnico Científica realizou uma projeção de envelhecimento e um retrato com a possível aparência atual de Robert, que completou 47 anos no último dia 2 de janeiro, caso não tenha falecido.
A polícia também fez um levantamento dos registros existentes de Robert Paiva, e constatou que não há qualquer documento civil feito por alguém com esse nome (identidade, certidão de casamento, entre outros). “Se ele estiver vivo, foi raptado e tem outro nome”, comenta a irmã do desaparecido.
Lembrança
Funcionária do Banco do Brasil e atualmente morando em Brasília, Soraya está com 48 anos. No dia do desaparecimento do irmão caçula, que também era chamado de “Bob”, ela tinha apenas 5 anos – Fabíola estava com 6 anos e Ricardo, 11 anos. Segundo ela, Robert, era um garoto muito “esperto”. “Com 2 anos de idade, ele já falava bem. Meu irmão Ricardo também lembra que nessa época ele muitas vezes jogava bola com os meninos mais velhos na rua”, diz ela. A irmã de Robert afirma que vai prosseguir nas buscas por mais alguns anos. Caso não tenha sucesso, ela realizará um enterro simbólico de “Bob”, destruindo todo o material que remete ao seu desaparecimento, como recortes de jornais antigos. “Ele merece que a gente faça isso por ele. Sem ele, a gente já está de qualquer jeito. Se ele não aparecer, a gente vai encerrar as buscas e seguir em frente” finaliza Soraya.
Informações
Para qualquer informação sobre esse caso ou de outras pessoas que desapareceram, entre em contato com a Delegacia de Pessoas Desaparecidas(DPP) do Espírito Santo. A delegacia fica na Av. Nossa Senhora da Penha, 2290, no bairro Santa Luiza. O telefone de lá é o (27) 3137 9065.
Fonte: https://www.aquinoticias.com/cachoeiro-de-itapemirim/2017/01/irma-de-menino-desaparecido-em-cachoeiro-retoma-buscas-44-anos-depois/2308972/
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