Sistema prisional goiano tem quatro mortes em 48 horas
Rebelião em Luziânia após delação de plano de fuga ocasionou os assassinatos de um agente prisional e dois detentos. Já em Senador Canedo, preso foi morto por espancamento.
Em menos de 48 horas, o sistema penitenciário goiano registrou quatro mortes, duas pessoas feridas e a fuga de sete detentos em três unidades diferentes nas cidades do interior do Estado. A ocorrência mais grave foi registrada na Casa de Prisão Provisória (CPP) de Luziânia, a 196 quilômetros de Goiânia, onde foram mortos o vigilante penitenciário temporário Valdison Cardoso de Oliveira, e os detentos William Rosa da Silva e Silvio de Jesus Silva. A outra morte foi em Senador Canedo.
Segundo informações da Polícia Civil, na noite de domingo, um preso simulou um mal-estar para atrair os vigilantes temporários. Ao prestarem o socorro, os funcionários foram rendidos. Um deles, cuja identidade não foi informada, foi ferido na perna, mas conseguiu fugir. Um dos detentos também ficou machucado, mas foi socorrido pelos colegas. O outro agente, Valdison, foi alvejado na perna, com a própria arma, e espancado pelos detentos.
De acordo com o delegado Maurício Passerini, a revolta aconteceu depois que um plano de fuga foi delatado aos agentes por William. O rapaz cumpria pena por estelionato desde dezembro de 2016 e tinha desavenças com os outros presos após a convivência com Silvio, que respondia por estupro de vulnerável, desde junho deste ano. Os detentos chegaram à sala de reserva de armas da CPP e tiveram acesso a duas carabinas e quatro revólveres calibre 38.
Conforme o Superintendente Penitenciário do Estado de Goiás, Tenente-Coronel Newton Nery de Castilho, a situação foi controlada pelos grupos de Intervenção Tática (GIT) e de Operações Penitenciárias (Gope), e equipes das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) além dos militares da rádio-patrulha da área do 10 batalhão. O vigilante temporário Valdison chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo dele foi encaminhado para a cidade de Ourinhos (MG) onde será enterrado. O Sindicato dos Servidores do Sistema de Execução Penal do Estado de Goiás (Sinsep) informou ainda que, a esposa de Valdison, que estava grávida de cinco meses, perdeu o bebê ao saber da morte do marido.
Os detentos que lideraram o movimento, mas que não tiveram suas identidades reveladas, devem sofrer as sanções disciplinares previstas e, alguns, ainda devem ser transferidos para outras unidades. Inclusive para a capital, conforme o superintendente penitenciário.
Reclamações
As entidades classistas, o sindicato e a Associação dos Servidores do Sistema Prisional do Estado Goiás (Aspego), apontam que a situação em Luziânia é reflexo do quadro atual de poucos servidores e a péssima estrutura das unidades. A CPP da cidade que tem capacidade para 180 presos, abriga atualmente, 320.
Segundo a Aspego, no plantão de domingo, três agentes faziam a segurança dos presos. De acordo com o sindicato, eram apenas dois. “Temos menos agentes trabalhando hoje do que há três meses”, alerta Jorimar Bastos, presidente da Aspego. Conforme o tenente-coronel Castilho, estavam escalados cinco servidores para a contenção e fiscalização, além do GIT, Gope e policiais militares para atuarem quando necessário. Além disso, o superintendente lembrou que 577 agentes penitenciários foram nomeados e 184 já iniciaram o curso de formação.
Todavia, a Aspego e o Sispen informam que tomarão algumas medidas nesta semana. A associação realizará uma assembleia para debater uma paralisação. Já o sindicato deve acionar o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). “Pediremos que o número de agentes por plantão seja aumentado ou que as unidades mais críticas sejam interditadas”, pontua Maxsuell Miranda das Neves, presidente do Sinsep. as unidades mais críticas sejam interditadas”, pontua Maxsuell Miranda das Neves, presidente do Sinsep.
Corpo encontrado após revista em cela
A outra morte aconteceu a Unidade Prisional de Senador Canedo, a 24 quilômetros de Goiânia, nesta segunda-feira (11), de manhã. O detento foi identificado como Eduardo Fernando da Silva Araújo, de 24 anos, foi morto enquanto eram realizadas as revistas nas celas.
Os agentes penitenciários e vigilantes temporários encontraram objetos ilícitos como celulares e entorpecentes enquanto averiguavam as celas. Logo após terminarem a inspeção, foram informados que Eduardo estava morto. De acordo com as informações preliminares, o detento não tinha desavenças com os outros colegas.
Entretanto, conforme o Sindicato dos Servidores do Sistema de Execução Penal do Estado de Goiás (Sinsep), a retirada desses objetos causa uma revolta nos detentos. Além disso, os presos reclamam ainda da superlotação, uma vez que a unidade que tem capacidade para 60 presos, está com 188.
Fuga
No último sábado, a Unidade Prisional de Nova Crixás, a 376 quilômetros da capital, que tinha 76 presos, registrou a fuga de sete detentos, ao serrarem as grades e quebrarem as paredes. Os agentes tentaram impedir, mas não conseguiram. Os foragidos foram identificados como Jallis Miranda de Oliveira, Marcelo Sérgio Lino, Geovane Sabrino Alves, Ronney Batista de Souza, George Gomes da Silva, Valdinei Batista dos Reis e Allan Rodrigues. Nenhum foi capturado.
O Superintendente Penitenciário do Estado de Goiás, Tenente-Coronel Newton Nery de Castilho, informou que as forças da segurança pública trabalham para encontrar os fugitivos. O policiamento é intensificado com as viaturas de área e o Grupo de Patrulhamento Tático (GPT).
Jônathas Silva discute nova pasta
O processo para a criação da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária e Justiça continua em andamento. Na semana passada, Jônathas Silva, assessor especial da governadoria, foi designado para desenvolver as tratativas da nova pasta, Jônathas explicou que o anteprojeto de lei já está pronto e deve ser encaminhado para discussão e votação na Assembleia Legislativa de Goiás o quanto antes.
A expectativa então é que a nova secretaria esteja criada no final deste mês e em atividade em outubro. O assessor informa que nesta semana deve iniciar as reuniões com outras secretarias, como a de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Seap), para debater a separação que será realizada. Jônathas ressalta que a divisão trará benefícios como o alívio da sobrecarga da Seap e a obtenção de recursos federais.
Fonte: O Popular
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