Fraudes na internet usando o assunto coronavírus se intensificam, disfarçadas de app informativo

Elas se aproveitam da busca por informações referentes à pandemia para disseminar ladrões de senhas e outros códigos maliciosos. Veja que cuidados tomar.

 

Por Altieres Rohr

Praga digital exibe mapa de informações do coronavírus enquanto instala códigos maliciosos no computador. Mapa tem fonte legítima, mas deve ser consultado em site oficial. — Foto: Reprodução/Reason Labs

 

Golpes cibernéticos ligados ao coronavírus estão em circulação desde o início do ano, mas o alerta de pandemia tem levado a um aumento dessas fraudes. Elas se aproveitam da busca por informações referentes ao vírus e à doença Covid-19, usando mapas, aplicativos e e-mails para disseminar ladrões de senhas e outros códigos maliciosos.

 

App ‘Covid-19 Tracker’

 

Um dos golpes é realizado através de um aplicativo de Android que oferece informações e estatísticas em tempo real sobre a disseminação do coronavírus. Chamado de “Covid-19 Tracker”, o app foi detectado pela equipe de segurança da Domain Tools em um site fora da Play Store, a loja oficial do Google.

 

De acordo com os especialistas, o app é, na verdade, um vírus de resgate, que bloqueia o uso do smartphone e exige o pagamento de US$ 100 (cerca de R$ 500) em Bitcoin para liberar a utilização do aparelho.

 

Por se comportar como vírus de resgate, os especialistas o apelidaram de “CovidLock” (“bloqueio do Covid”).

Que cuidados tomar

 

Aparelhos com o Android 7 (Nougat) e mais novos ficam imunes aos efeitos do bloqueio da praga digital, desde que uma senha de bloqueio de tela esteja configurada.

 

Para quem caiu no golpe e não tem um aparelho com Android 7 ou mais recente, há uma boa notícia: a Domain Tools conseguiu decifrar os códigos da praga e vai oferecer o desbloqueio gratuito.

Tela de smartphone bloqueada pelo vírus de resgate ‘CovidLock’. Aplicativo é oferecido para rastrear disseminação do coronavírus — Foto: Reprodução/Domain Tools

 

Mapa e ataques contra governos

 

Pesquisadores de segurança da Malwarebytes e Reason Labs alertaram que uma praga digital abre um mapa com supostas informações do coronavírus.

A tela é exibida após a vítima executar o programa falso no computador e serve para que as demais atividades do código malicioso não sejam percebidas pelo usuário.

O programa foi identificado como uma variação do AzorUlt, um ladrão de senhas e informações que é comercializado no submundo como “ferramenta pronta” para a realização de crimes.

Já o Centro Nacional de Cibersegurança do Reino Unido alertou que hackers mandaram e-mails com supostas “instruções de prevenção” que disseminam pragas digitais.

Alguns dos ataques, segundo o órgão, foram enviados a setores específicos da economia, como transporte público, transportes de cargas e varejo. O conteúdo direcionado deixa a mensagem mais convincente, o que pode aumentar o número de vítimas.

A empresa de segurança Check Point também interceptou um e-mail falso tratando do coronavírus que foi enviado a um órgão público da Mongólia. A mensagem teria sido confeccionada por um grupo de invasores sofisticados da China. O e-mail era acompanhado de um documento falsificado em nome do Ministério das Relações Exteriores do país.

Na República Tcheca, o hospital da Universidade de Brno, que é uma das instituições habilitadas para testes do coronavírus no país, anunciou que sofreu um ataque de hackers. O hospital foi obrigado a interromper o funcionamento da sua rede de computadores, mas não foi informado se o ataque prejudicou a realização dos testes.

 

Fontes de informação

 

As informações sobre o coronavírus oferecidas pelos golpes nem sempre são falsas ou incorretas. No caso do mapa, ele é baixado diretamente de uma fonte legítima da Universidade Johns Hopkins.

A diferença é que o mapa é fornecido como um programa de computador, o “Corona Virus Map”, enquanto a fonte verdadeira é um site na internet.

Em casos de pandemia, governos e agências de saúde podem recorrer a diversos métodos para alertar a população – sendo assim, não é fácil simplesmente descartar qualquer alerta recebido por e-mail ou SMS.

No entanto, é preciso ter cuidado ao abrir anexos e programas, buscando se informar a respeito das campanhas antes de confiar no conteúdo – seja pela possibilidade de disseminação de informações equivocadas ou pelo risco à segurança dos smartphones e computadores.

Monitoramento do vírus

 

Ao menos dois países já adotaram medidas para usar redes de internet e comunicação para monitorar o coronavírus: Irã e Israel.

 

O governo do Irã criou um aplicativo chamado “AC19” para auxiliar a população a se informar sobre os sintomas da doença. Entre outras funções, o app prometia “identificar quem possui o coronavírus”.

O programa solicitava o número de telefone do usuário para realizar um cadastro. Em seguida, era preciso responder perguntas sobre os sintomas e o vírus. Enquanto isso, a localização do telefone era comunicada a um servidor de controle. Embora isso seja comum em qualquer aplicativo, a coleta de informações pode permitir ao governo iraniano monitorar a circulação de pessoas contaminadas ou com suspeita de contaminação.

Para o especialista em segurança Lukas Stefanko da fabricante de antivírus Eset, que analisou o programa, o AC19 se comporta como qualquer outro aplicativo de saúde.

O “AC19” chegou a ser publicado na Play Store, a loja oficial do Android, mas foi depois removido pelo Google. O motivo não foi informado, mas os termos de uso da loja proíbem cadastros iranianos. O app foi divulgado em massa aos iranianos por meio de SMS, que podem instalá-lo a partir de um site dedicado do governo ao aplicativo.

Em Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que “regras emergenciais” serão aprovadas para autorizar o uso de “meios digitais” contra o coronavírus. “Vamos nos assegurar de que esta medida seja estritamente monitorada para que não haja abusos”, afirmou.

As medidas foram anunciadas neste domingo (15), sem nenhum detalhe concreto. Mas é possível que as autoridades fiquem autorizadas a acompanhar a movimentação de pessoas por meio da localização dos celulares e que outros hábitos sejam analisados a partir de dados de navegação ou uso de aplicativos.

 

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Fonte: G1- Goiás