Grupo suspeito de golpes milionários usava ‘caixa mágica’ que fingia cópia de dinheiro para enganar vítimas, diz MP

Um grupo suspeito de dar golpes milionários usava uma espécie de ‘caixa mágica’ que simulava a multiplicação de dinheiro para enganar vítimas, segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO). De acordo com as investigações, integrantes agiram em Rondônia, Mato Grosso, São Paulo, Pará, Tocantins, Amazonas, Distrito Federal e Goiás.

PM e MP-GO apreendem produtos usados para simular falsificação de dinheiro — Foto: Reprodução/MP-GO

No último dia 22 de junho, o MP e a Polícia Militar prenderam quatro suspeitos durante a Operação Houdini em Goiânia e São Paulo, e um deles segue foragido. Conforme o MP, o grupo atua desde 2011, e tinha como líder José Lúcio Antunes Costa, que atuava junto com José Carlos Arantes Junior, o qual dizia ser seu segurança.

Ao Fantástico, a defesa de José Lúcio Antunes Costa e José Carlos Arantes Junior informaram que as acusações são infundadas e fantasiosas. A reportagem não teve acesso às defesas dos outros suspeitos, já que eles não tiveram os nomes divulgados.

Como os golpes aconteciam:

 

De acordo com o promotor Juan Borges, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), primeiro, os representantes do grupo se passavam por ‘corretores’, que ficavam em busca de vítimas e se apresentavam a elas como investidores. Eles usavam carros de luxo e sempre estavam bem vestidos.

Durante o encontro com a vítima, montavam uma falsa fábrica de notas. Eles pegavam uma pequena quantidade de dinheiro da pessoa, colocavam na ‘caixa mágica’ de isopor, deixavam as notas de molho em uma água colorida e diziam que elas seriam copiadas, ou seja, o valor seria duplicado.

Enquanto isso, eles já tinham montado uma caixa idêntica antes de a pessoa chegar, mas com pouco dinheiro e muito papel em branco.

Eles distraíam a vítima e trocavam as caixas, ficando com o dinheiro deixado no início. Ainda falavam que as notas precisavam ficar de molho por 24h, e a pessoa só descobria o golpe no dia seguinte.

Dinheiro e relógios apreendidos durante operação do MP — Foto: Reprodução/MP-GO

Dinheiro e relógios apreendidos durante operação do MP — Foto: Reprodução/MP-GO

Golpes de mais de R$ 1milhão

“A gente estima que, por mês, eram no mínimo dois a três golpes aplicados. Nesse patamar, de R$ 300 mil a um R$ 1, 2 milhão. Os encontros eram marcados em hotéis badalados, com bebidas caras, uma grande encenação”, disse o promotor.

 

Uma das vítimas, que não quis se identificar, conta que se sentiu humilhado por ter caído no golpe. Conforme o Ministério Público, algumas pessoas contaram que ficaram sem força para denunciar o caso porque sentiam vergonha.

“É porque foi um momento de fraqueza mesmo minha. De eu entrar nessa aí. Porque não existe esses milagres assim”, disse.

 

De acordo com o MP, a pena para os integrantes da quadrilha pode chegar a 82 anos de prisão, e na lei brasileira não é crime querer falsificar dinheiro, só se houver a falsificação de fato.

“Elas são vítimas, porque caíram numa ilusão. Em momento algum havia dinheiro falso ou fabricação de dinheiro”, disse o promotor Juan Borges.

Como o processo corre em segredo de Justiça, a reportagem não conseguiu verificar se os suspeitos citados na matéria seguem presos.

Fonte: Por Jamyle Amoury e Honório Jacometto, g1 Goiás e TV Anhanguera