Ministério Público denuncia vereadores por discriminação após falas contra pessoas LGBTQIA+
Frases foram ditas por quatro parlamentares durante discussão sobre propaganda que celebrava o Dia do Orgulho Gay, em 2021. Câmara Municipal disse que ainda não foi notificada do procedimento.
Quatro vereadores são suspeitos de homofobia após comentários feitos em sessão na Câmara de Goiânia — Foto: Montagem/g1
A denúncia destacou as falas consideradas pelo Ministério Público como discriminatórias às pessoas representadas pela sigla LGBTQIA+:
Cabo Senna: “Deus criou o homem e a mulher. Não misturem as coisas, criança é criança, não pode ser influenciada […]. Não é normal, agora, é respeitável? Sim, nós temos que respeitar; Eu respeito; Eu respeito assim cem por cento, mas não é normal”.
Gabriela Rodart: “É o seguinte, a militância LGBT ela é maliciosa em sua essência […]. ‘O certo é certo mesmo que ninguém o faça, o errado é errado, mesmo que todos se enganem por ele’.
Sargento Novandir: “Eu respeito LGBT, eu respeito qualquer pessoa que decida fazer do que quiser com sua vida, mas eu não respeito incentivar as nossas crianças a irem pra esse caminho […]. Você não pode ser incentivado, não pode passar propaganda de televisão, não pode mostrar que esse é o melhor caminho”
Thialu Guiotti: “Não me venham querer usar as crianças do nosso país […] induzindo ao homossexualismo como se isso fosse normal, não é normal, normal é homem com mulher e mulher com homem”.
Discursos e investigação
Os comentários foram realizados em uma sessão plenária pelos parlamentares no dia 29 de junho de 2021, mês que é celebrado o Dia Internacional do Orgulho Gay. O inquérito foi instaurado em outubro do mesmo ano pelo Grupo Especializado no Atendimento à Vítima de Crimes Raciais e de Intolerância (Geacri).
Thialu Guiotti: “No nosso ponto de vista o comercial estimula a erotização e adultização precoce. Os anúncios direcionados ao público infantil, segundo o código de ética do CONAR, não podem exercer influência na erotização e adultização precoces e, até mesmo, na exploração sexual infantil ao estimular comportamentos da fase adulta e o desejo do consumo. A perda da autoestima, o mercantilismo sexual, a gravidez precoce e a violência são alguns dos retornos negativos do encurtamento da infância. Finalizo manifestando a minha indignação por uma acusação onde eu estava apenas realizando o meu estrito dever da função parlamentar.”
Sargento Novandir: Não respondeu às mensagens enviadas e nem atendeu às ligações realizadas às 15h40 desta quinta-feira (30).
Por Gabriela Macêdo, g1 Goiás