Professor de sociologia é demitido de colégio particular após críticas sobre tirinha usada em atividade, em Goiânia
Quadrinista autor da arte comentou o caso em rede social lembrando que já teve trabalho no Enem. Questão criticada perguntava qual elemento do estado era retratado na tira.
Tirinha do André Dahmer usada em questão criticada na web dias antes da demissão de professor — Foto: Reprodução
O professor de sociologia Osvaldo Machado foi demitido do Colégio Visão, na quarta-feira (29), após uma questão que ele colocou em uma atividade ser criticada em redes sociais. O profissional usou uma tirinha do quadrinista André Dahmer para perguntar aos alunos qual elemento do estado estava sendo retratado na história. No entanto, a interpretação dos críticos foi de que o educador estaria ensinando os alunos a “odiar a polícia”.
Por meio de nota, o Colégio Visão explicou que “possui um código de conduta que veda manifestações políticas, partidárias ou ideológicas em ambiente escolar”.
Ainda de acordo com o comunicado, “a direção do Colégio mantém um canal de diálogo aberto com alunos e familiares, sempre pautando suas ações no Código de Conduta”.
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Quadrinista André Dahmer comenta demissão de professor do Colégio Visão — Foto: Reprodução/Twitter
A situação foi repercutida pelo próprio artista autor da tira. Em uma rede social ele lembrou que já teve seu trabalho usado em vários concursos e foi tema até de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2011 (leia acima).
O Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro) publicou uma nota de repúdio em relação à situação. O comunicado afirma que as críticas ao uso da tirinha na questão foram feitas “com evidente distorção da finalidade da questão cobrada na prova de sociologia”.
O órgão afirmou que a demissão do profissional após as críticas “causa preocupação e repulsa em toda a categoria dos professores […] que podem ser tolhidos em clara condição de perseguição política e social”.
“É inaceitável qualquer interferência no conteúdo ministrado em sala de aula com a finalidade de ceifar o direito de propagação do conhecimento e do livre pensamento e, mais ainda, é intolerável a exposição indevida do professor, pois a sua imagem, honra, liberdade de expressão e de ensinar são direitos humanos fundamentais e irrenunciáveis”, lê-se na nota.
Por Vanessa Martins, g1 Goiás