Processo: Capitão da PM acusado de agredir estudante em protesto diz em audiência que foi ameaçado de morte

Sampaio, que foi afastado do policiamento das ruas logo após a agressão, não quis conceder entrevista para a imprensa. Advogada do PM, Rosângela Magalhães explicou que o cliente não quer se expor mais para resguardar a integridade física dele e da família.

“Desde o momento em que o fato ocorreu ele vem sendo ameaçado de morte. Para se resguardar e resguardar sua família, ele preferiu não falar o endereço. Ele teve até que se mudar de casa. Não temos a origem dessas ameaças, foram feitas por redes sociais, aplicativos”, explicou Rosângela.

Presidida pelo juiz Gustavo Assis, a audiência de qualificação começou por volta das 14h15 e durou cerca de dez minutos. O capitão responde por lesão corporal gravíssima.

Durante a audiência, o magistrado determinou que as testemunhas de acusação sejam ouvidas no próximo dia 9 de agosto, dia do aniversário do militar. Seis pessoas serão intimadas. Entre elas, dois militares.

Em seguida, serão arroladas as testemunhas de defesa. Ao final do processo, o militar será interrogado.

A advogada espera que Sampaio seja inocentado. “Acreditamos que ao longo da instrução será provada a inocência do capitão, que ele agiu no estrito cumprimento de seu dever e que não houve, em momento algum, conduta dolosa por parte dele”, concluiu.

O policial também responde na Justiça comum por abuso de autoridade. Após análise de imagens, a Polícia Civil concluiu que “houve uma desproporção na ação do policial”. A investigação também concluiu que Mateus não participou de nenhuma depredação durante o ato.

O caso aconteceu no dia 28 de abril, durante uma manifestação contra as reformas Trabalhista e Previdenciária, no Centro de Goiânia. Após ser atingido por um cassetete, Mateus foi socorrido por outros manifestantes, que o colocaram em cima de uma placa onde recebeu atendimento do Corpo de Bombeiros.

Um vídeo mostra em detalhes o momento em que o estudante levou o golpe no rosto (veja abaixo). Fotos também registraram a agressão. O impacto foi tão grande que o cassetete quebrou com a pancada.

Em seguida, o estudante foi levado para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde ficou internado por 18 dias, sendo 11 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O estudante passou por duas cirurgias. Na primeira, os médicos retiraram pedaços do osso quebrado. O segundo procedimento foi para reconstruir a parte afetada pela pancada na testa. Para isso, foram usados pinos e cimento ortopédico.

Em entrevista à TV Anhanguera nesta quarta-feira, Mateus explicou que ainda passa por acompanhamento médico no Hugo. Porém, deve receber alta em breve.

“Estou fazendo fisioterapia para o ombro por causa da clavícula. Tenho também uma sombra no olho que ainda não teve um diagnóstico conclusivo e preciso acompanhar, que também é sequela do acontecimento. No geral, me sinto bem”, explicou o estudante, que também passa por acompanhamento psicológico.

Formado em ciências da computação, Mateus reforçou que segue cursando ciências sociais na Universidade Federal de Goiás (UFG). “Claro que o retorno é conturbado, mas eu consegui voltar para terminar algumas disciplinas e tentar recuperar o tempo perdido”, contou.

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